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Preços de hortifrutis devem cair no segundo semestre

Após as fortes acelerações no começo do ano em razão do clima e do preço dos insumos, especialistas avaliam que a situação pode melhorar

Exposição de alimentos hortifrutis

Seca no Sul, chuvas intensas no Sudeste e no Nordeste se somaram à alta do frete e dos insumos e levaram o custo dos hortifrutis às alturas no primeiro semestre de 2022. Mas especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) acreditam que os preços devem se desacelerar no segundo semestre, ou no mínimo, apontar para estabilidade – exceto com pressões pontuais, como no caso da banana – enquanto produtores, varejistas e fornecedores de insumos buscam formas de elevar as vendas, retraídas com o avanço da inflação e do desemprego.

E essa desaceleração já foi sentida em junho, embora os preços ainda acumulem alta em períodos mais extensos. Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que nesse mês o preço dos produtos do grupo Tubérculos, Raízes e Legumes apresentou queda de 5,53%, acumulando no primeiro semestre alta de 29,59%. O grupo Hortaliças apresentou queda de 3,80% em junho, acumulando alta de 30,62% no ano. E o setor de Frutas teve aceleração no mês passado de apenas 0,11%, com alta no ano de 8,39%.

Marina Marangon, especialista do Cepea em cenoura e alface, diz que haverá redução de preços desses produtos no segundo semestre, que haviam subido muito no primeiro semestre. De acordo com o IPCA, os preços da cenoura em junho recuaram 23,36%, acumulando no ano alta de 45,67% e de 83,99% em 12 meses. O preço da alface recuou 4,80% em junho, com alta no primeiro semestre de 34,78%.

“No primeiro semestre essas duas culturas estavam com preços mais altos devido, principalmente, a questões climáticas, de chuvas. E houve redução de investimentos em área plantada. Mas os preços (ao produtor) já estão caindo. Para cenoura, desde abril está caindo após atingirem um pico muito alto. E junho voltou para patamar normal, e julho está seguindo tendência estável. E com produtividade mais alta da safra de inverno, tendência de reduzir preços, amenizando os impactos do primeiro semestre. No mês passado a alface caiu o preço, uns 20% de queda de preço ao produtor”, diz Marangon, que explica que nem sempre a queda nos preços ao produtor é sentida pelo consumidor.

Outras culturas que também sofreram com o clima e a redução da área plantada foram a batata e tomate, que subiram nos primeiros seis meses do ano pelo IPCA 55,77% e 10,50%, respectivamente. João Paulo Bernardes Deleo, especialista do Cepea nessas duas culturas, explica que o excesso de chuvas no Sudeste provocou esse aumento. Mas os custos de produção de culturas de ciclo anual, como a batata e o tomate, devem subir em média 35% em 2022, contra alta de 25% no ano passado. “É quase certo que vamos ter preços mais baixos que no primeiro semestre deste ano. Mas a rentabilidade do produtor deverá ser mais pressionada porque houve aumento de custo de produção muito acentuado”, diz Deleo. Pelo IPCA em junho, os preços da batata inglesa cederam 3,47% e o do tomate, 2,70%.

Entre as frutas, os preços da banana podem ser motivo de preocupação. Marcela Barbieri, especialista do Cepa nessa fruta, diz que o norte de Santa Catarina sofreu com secas e geadas, que também atingiu o Vale do Ribeira, no litoral de São Paulo, onde estão os principais cultivos de banana nanica. No fechamento de junho do Cepea, o preço da nanica ao produtor no primeiro semestre subiu 24%. Na comparação de junho deste ano com junho de 2021 o aumento foi de 72%.

“Estamos no inverno, que é ruim para a nanica, que é o período em que regiões produtoras enfrentam problemas com o frio. A oferta tende a ficar limitada”, afirma. Em junho, pelo IPCA, a banana prata apresentou queda de 1,06%, com alta de 0,21% no ano e de 26,27% em 12 meses.

E os preços da fruta talvez não subam muito porque é momento de colheita da banana prata no Nordeste do País e no Norte de Minas Gerais. “Vai ter concorrência com a nanica, limitando sua alta de preço. Mas a prata também vai ter uma safra mais contida por causas das chuvas no Nordeste. E o norte de Minas Gerais também teve problemas com frio, apesar de ser uma região mais quente, e esse ano eles não estão esperando um grande volume.”

Por: Roger Marzochi

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