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Conab estima produção de café em 50,38 milhões de sacas em 2022

A colheita de café atinge 99% da área destinada, e o volume estimado representa um aumento de 5,6% em comparação ao ciclo de 2021

Os produtores brasileiros de café deverão colher 50,38 milhões de sacas na safra 2022, como aponta o 3º Levantamento do grão para a atual temporada, divulgado nesta terça-feira (20) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A colheita já atinge 99% da área destinada para a cultura, e o volume estimado representa um aumento de 5,6% em comparação ao ciclo de 2021.

De acordo com o levantamento da Conab, a área destinada à cafeicultura nacional em 2022 é de 2,24 milhões hectares, sendo 1,84 milhão de hectares para lavouras em produção e 402 mil hectares de área em formação, o que representa leve aumento de área total cultivada em comparação à safra passada.

A produtividade média nacional de café também deve crescer e é projetada em 27,4 sacas por hectare, 3,7% maior em relação ao ano anterior. No entanto, apesar da recuperação registrada, o aumento é inferior ao esperado para 2022 por ser um ano de bienalidade positiva.

“O clima adverso influenciou de maneira negativa as produtividades nos dois últimos ciclos. Em 2020 o desenvolvimento da cultura foi influenciado pela falta de chuvas e no ano passado, além da estiagem, foram registradas fortes geadas em importantes regiões produtoras”, explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.

Para o café arábica, a Conab espera uma produção de 32,41 milhões de sacas, acréscimo de 3,1% em comparação com a safra anterior.

“O crescimento é limitado pela falta de chuvas na fase reprodutiva da cultura, ainda em 2021, e pelas geadas ocorridas em junho e julho do ano passado, principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais”, avalia a superintendente de Informações da Agropecuária da Companhia, Candice Romero Santos.

Fortemente impactado pelo clima adverso, o estado mineiro, principal produtor de café no país, tem produção estimada em 22 milhões de sacas, volume próximo da estabilidade com leve recuo de 0,5% em comparação com a colheita de 2021. A maior redução ocorreu no sul do estado, com uma queda na produtividade em torno de 17,8%.

Já na Bahia, onde o clima se apresentou mais favorável para o desenvolvimento das lavouras, é estimado um crescimento de 11% no desempenho no campo, saindo de 21,1 sacas colhidas por hectare para 23,4 sacas por ha.

No Espírito Santo e no Rio de Janeiro a melhora na produtividade é ainda maior, chegando a 30,3 sacas por hectare nas lavouras cariocas e 27,5 sacas por hectare nos cafezais capixabas de arábica, elevação de 55,9% e 29,5% respectivamente.

No caso do conilon, a Companhia projeta um novo recorde de produção, estimado em um volume próximo a 18 milhões de sacas beneficiadas do produto, acréscimo de 10,3% em relação à safra anterior.

Menos afetada pela característica da bienalidade, a planta desta variedade tem apresentado melhora na produtividade a cada ano, atingindo neste ano 46,2 sacas colhidas por hectare, maior número já registrado. Além do bom desempenho, também é previsto um aumento de área na ordem de 3,4%, estimada em 388,8 mil hectares.

Principal produtor de conilon no Brasil, o Espírito Santo tem produção projetada em 12,23 milhões de sacas, incremento de 9% em relação à safra anterior. Neste ano, Rondônia se coloca como o segundo maior produtor dessa variedade do grão, com colheita estimada em 2,8 milhões de sacas do produto beneficiado, seguido da Bahia com colheita esperada em 2,33 milhões de sacas.

“A tendência é que a produção do conilon continue apresentando crescimento em condições climáticas favoráveis. Há espaço para a melhora na produtividade em importantes regiões produtoras. A Bahia apresenta o melhor desempenho para esta espécie no país, como uma produtividade de 57,9 sacas por hectare. Já para o Espírito Santo e Rondônia a estimativa é que sejam colhidas por hectare 47,2 sacas e 43,1 sacas, respectivamente, o que demonstra o potencial da cultura”, destaca o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.

Mercado de café

A oferta restrita do produto tem influenciado nos preços internacionais em patamares elevados para o grão.

Os volumes exportados no acumulado dos oito primeiros meses de 2022 estão menores do que o observado em igual período do ano passado.

De janeiro a agosto de 2022, o Brasil já exportou cerca de 25,7 milhões de sacas de 60 kg em equivalentes de café verde, uma queda de 9,7% em comparação com o mesmo período no ano anterior.

Entretanto, em termos de receita, a exportação do café brasileiro nos primeiros oito meses de 2022 rendeu cerca de US$ 5,9 bilhões, o que corresponde a um expressivo aumento de 54,3% na comparação com igual período do ano passado.

“Essa preocupação com a oferta tem dado suporte à alta dos preços do café no mercado internacional. Em relação à demanda, o consumo segue firme no Brasil, enquanto que a perspectiva continua sendo de crescimento modesto da demanda no mercado internacional para a safra 2022/23, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)”, pondera o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira.

Oportunidades na cafeicultura

Diante de diversos fatores que influenciam diretamente na produção de café, é preciso estar atento às oportunidades de mudanças na forma de produção que vêm sendo desenvolvidas.

Dentre elas, está a agricultura regenerativa, incentivada por diversas empresas no país, muitas das quais estão de olho também no mercado de carbono, já que tais favorecem o sequestro do carbono da atmosfera.

Empresas como a reNature, com mais de 10 anos de mercado, financiam projetos de agricultura regenerativa em áreas de produção de café arábica de Minas Gerais, e de produção agroflorestal nos estados do Amazonas, Pará e Pernambuco.

Outra estratégia de atuação importante, para maior destaque no mercado, é obter certificações, por meio das quais é possível comprovar a produção do café sustentável.

As certificações existem de vários tipos e finalidades, mas são essenciais para atuar com exportação. O café, por exemplo, tem sete tipos principais de certificações:

Café Orgânico;

Café de Origem;

Café Fair Trade (comércio justo)

Café Gourmet;

Café Sustentável;

Café Especial;

Certificação/Selo Abic.   

Essas certificações são necessárias também para quem deseja atuar no mercado de cafés especiais ou gourmet, que tem trazido muita rentabilidade para produtores da agricultura familiar.

O café gourmet é aquele considerado quase livre de defeitos, com pontuação entre 7,3 e 10, conforme a OIC (Organização Internacional do Café). A principal certificação para esse tipo de café é dada pelo Cup Of Excellence.

Também valorizado no mercado, sobretudo por trazer características de regiões específicas de produção, o café especial, segundo o SCA (Speciality Coffee Association), possui pontuação mínima de 80, sendo que a escala vai de 0 a 100.

Em 2021, os cafés de qualidade superior ou com algum tipo de certificado de práticas sustentáveis, responderam por 19% das exportações.

No total, foram enviados ao exterior 7,669 milhões de sacas, com preço médio de US$ 207,53 por saca, o que gerou receita de US$ 1,591 bilhão – 25,5% do total exportado. Com isso, foi registrado crescimento de 23,4% em relação a 2020.

Como a tecnologia colabora para uma cafeicultura mais sustentável

O uso da tecnologia na produção de café já vem ocorrendo no Brasil e é uma demanda importante para os cafeicultores, conforme se observa na pesquisa do CaféPoint e da CNA, relatada acima.

Diversas técnicas, sobretudo de agricultura de precisão, podem ser empregadas para melhor gerir a propriedade rural e reduzir custos e colaborar para a preservação do meio ambiente, a partir da otimização do uso de insumos e defensivos.

Por meio da agricultura de precisão, por exemplo, é possível, com o uso de um aplicativo gratuito (existem vários deles que podem ser baixados de graça na internet), mapear áreas mais produtivas da lavoura e identificar algum problema, como infestação de plantas daninhas ou incidência de doenças.

O uso de imagens de NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) é um exemplo de ferramenta importante para ser usada, sobretudo por pequenos produtores da agricultura familiar.

As imagens de satélite auxiliam a identificar com mais rapidez eventuais problemas na lavoura, o que favorece a uma ação mais rápida.

E com as mudanças climáticas, o monitoramento do clima é algo muito necessário de ser feito com mais eficiência, o que é possível por meio de uma estação meteorológica ou pluviômetro digital, por exemplo.

Outra ferramenta de enfrentamento das condições climáticas adversas é a própria irrigação. Mas, não basta apenas irrigar, é preciso saber também exatamente QUANTO e QUANDO irrigar. Para isso, um bom manejo da irrigação é essencial.

Fonte: Canal Rural

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