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Viola Caipira

História da cultura brasileira

Professor de Viola Caipira

A música proporciona momentos incríveis, sensações que nos conduzem a emoções únicas. O som do instrumento é inspirador. Cada um de nós tem sentimentos únicos quando somos tocados pela sequência dos acordes.

Segundo Ana Lucia Santana, “a viola caipira descende das violas de Portugal, por sua vez originárias de artefatos musicais da Arábia, tais como o alaúde. Ela provém diretamente da guitarra latina, a qual igualmente deriva das árabes e persas”.

Calcula-se que a viola tenha seus 700 anos, mas o que temos de real mesmo é de sua importância na catequização dos povos indígenas no Brasil, no século XV. Atravessando fronteiras nas caravelas, a viola chegou por aqui na época da colonização e foi utilizada pelos Jesuítas para acompanhamento nas canções religiosas. Quando os primeiros mestiços passaram a fabricar violas com madeiras rústicas brasileiras, nasceu a viola caipira. Foi no final do século XIX que começou a se configurar o que hoje conhecemos como música caipira.

Um instrumento verdadeiramente brasileiro, considerando que o som da viola caipira é sublime, e sempre acompanhou as festas, alegrias, dores e sonhos do povo da roça, que podia cantar a poesia do campo e da vida junto a natureza.

A forma de se tocar a viola é diferente do traço de um violão comum. As cordas são discorridas de duas em duas, tem o tamanho menor, com 10 cordas aos pares, sendo 05 bem pareadas. As duas simetrias mais agudas são afinadas no mesmo conjunto de sons, a mesma nota em altura idêntica. Os outros pares são apurados em oitavas, nota igual, com diferentes alturas de uma oitava. As cordas da viola são de aço, e de acordo com as afinações discorridas e seu toque, vão emanando sons singulares.

Existem nove tipos de viola brasileira, e ela é apenas mais uma. Os outros oito tipos se diferem principalmente em virtude da região do país em que foram desenvolvidos:  viola angrense; viola branca; viola de Queluz; machete; viola de cocho; viola de cabaça; de buriti; viola dinâmica.

A viola caipira é um dos gêneros mais emblemáticos do Brasil, é carregada de contos e tradições, ajudando a narrar um pouco da história da cultura brasileira.

A música de viola tem uma diversidade enorme de ritmos.  Apesar do sertanejo ter uma toada mais pop alcançando grande parcela do mercado fonográfico, a viola caipira tem seu espaço incontestável na música. Para os legítimos violeiros caipiras, a viola é uma arte e o resultado de séculos de histórias, causos e lutas de comunidades e áreas de convívio.

A importância cultural dela é tamanha a ponto do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) manifestar um projeto para aprová-la como patrimônio imaterial brasileiro. Neste documento, a viola une diferentes grupos sociais, dentre eles violeiros solistas e cantadores que se apresentam em duplas, trios, junto a manifestações folclóricas ou religiosas e orquestras.

Com participação ilustre, a viola está presente em festividades de todos os portes, desde os grandes festivais das capitais às festinhas de família no interior. 

Cantando as coisas da natureza, da lida na roça, falando de amor, os acordes da viola seguem crescendo a cada dia em nosso meio, acompanhando as serestas debaixo de luas incríveis, estrelas incandescentes e muitas rodas de prosa. Um prazer inenarrável aos amantes da boa música dedilhados na viola caipira.

Por Denise de Oliveira Guilherme

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